sábado, setembro 03, 2011

Versão Original

Não é difícil compreender a vida se você é um espectador. Eu sempre quis entender o objetivo de viver sem ter que procurar na literatura uma opinião que se molde ao meu pensamento ou que molde o meu pensamento. Aceitar uma opinião formada, escrita e publicada é bem mais fácil do que tentar compreender o que se é apenas olhando de dentro pra dentro. Eu sempre desconfiei muito das pessoas. E sempre falei sobre o amor com desengano. Foram as definições que existem que me fizeram ter essa falta de conceitos pra entender a vida. Eu tenho uma ótica de dicionário, não de vida. Todas as minhas opiniões foram emolduradas e moldadas por outras pessoas. O que me assemelha, eu guardo. O que me contradiz, eu descarto. Mas sempre em cima da opinião de alguém. Não importa o que eu fale, eu sempre terei a palavra de alguém na boca. 
Como entender a vida sem as definições? Sem as racionalizações? Eu entendo que nós precisamos da fala e da escrita, e que é preciso definir os comportamentos, ajustar um padrão. Mas ás vezes parece que todas essas palavras e jeitos me excluem, e que a forma como eu sinto as coisas, se não for parecida com toda essa experiência de 4 bilhões de anos que a terra carrega, não se é. Não existe. Ou simplesmente me caracterizam como uma sociopata, ou alguém com um transtorno qualquer. Não é querer ser diferente. É ser uma peça quadrada e sem encaixe pra esse quebra-cabeça que existe. Mas, ainda assim, ser uma peça. Igual aos outros.
Como ter uma visão do mundo e das pessoas sendo alguém sem influência externa? Como entender o sentimento cru? Eu não quero desprezar a nossa língua e a nossa bagagem de aprendizados, só queria saber como é o amor e as outras coisas apenas conhecendo-os por dentro de dentro. Não sei como isso seria possível, mas eu apenas não quero mais uma versão.

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