sábado, novembro 18, 2017

Oito vidas que Perecem

Quando a vida lhe sorri na primeira vez
E na segunda vez te dá um aperto de mão
Parece pouco
Parece fraco
Parece estranho
Parece frio.

Mas se na terceira a vida concede assunto
E na quarta vez lhe premia com afeto
Parece sorte
Parece incrível
Parece amizade
Parece paixão.

E aí na quinta vez a vida é seu corpo
E na sexta chance a vida é sua alma
Parece arriscado
Parece louco
Parece muito
Parece vertigem.

Porém na sétima vida retorna a realidade
Que na oitava se transforma em oportunidade
Parece triste
Parece injusto
Parece bom
Parece eterno.

É, nada na vida é o que parece.

(A. B)

quarta-feira, novembro 15, 2017

Sobre as águas que correm para o noroeste

Às vezes gostaria de pensar na beleza da vida
Como um remanso de água limpa e imperturbável
Mas a incerteza do mundo é um rio turvo
Onde não se vê mais que um palmo à sua frente

A água comportada que respeita as vontades humanas
Vira enchente sem a menor cerimônia
Correnteza forte demais para represar com a razão
Tanto bate que fura areia mole e pedra dura

Das muitas cheias que passam
As mais excepcionais são tão difíceis de prever
Que mesmo a casa edificada na área mais alta
Não fica isenta de experimentar da força do rio

E depois que tudo passa tão rápido
E o rio segue seu curso natural
O seu destino manifesto até o mar
Ficam as marcas nas árvores e barrancos
E fica a preocupação: em que nível a água vai bater
Quando alagar meu coração da próxima vez?

(A.B)