A gente esquece mesmo quando quer esquecer. As lembranças que ficam na gente são aquelas que fazemos questão de guardar. O bom mesmo é se cansar de sentir. Cansar de esperar, de ficar sempre do lado de fora esperando na chuva. Normalmente as pessoas que não se importam com a sua presença, não deveriam ser pessoas importantes pra você. E não dá pra gostar de ser um tanto faz, um step das horas vazias e solitárias da vida de alguém.
Quando você se importa com alguém, o cansaço pode vir somado com noites em claro e horas a fio levando sermão do seu chefe que o seu corpo inteiro se desperta.
O sentimento unilateral é diferente. Só uma pessoa está disposta. Só uma se doa. A que recebe o faz quando convém. Tudo é questão de conveniência pra quem simplesmente não se importa.
Tem pessoas que parecem maldições (não de coisa ruim, mas de algo difícil de se tirar) na vida de outras pessoas. Como se todo o sofrimento durante anos fosse recompensado ao ficar junto por apenas algumas horas. E sofre-se então mais anos depois. Isso não é amor. Soa mais como egoísmo. Egoísmo porque você quer algo que não quer você, e isso te faz querer provar que você pode ter, sem nem ao menos essa coisa tentar ou pensar em algo com você. Isso parece mais com despeito. E quanto mais você tenta, mais você se afunda. Vira tudo incerteza, tudo pra outra hora, tudo pra depois. E você deixa coisas de agora em prol de alguém que irá te deixar pra depois. Não é insensato isso?
Faça o que o Fernando Pessoa disse que tem que ser feito:
"Sempre é preciso saber quando uma etapa chega ao final. Se insistirmos em permanecer nela mais do que o tempo necessário, perdemos a alegria e o sentido das outras etapas que precisamos viver.
Encerrando ciclos, fechando portas, terminando capítulos. Não importa o nome que damos, o que importa é deixar no passado os momentos da vida que já se acabaram.
Foi despedida do trabalho? Terminou uma relação? Deixou a casa dos pais? Partiu para viver em outro país? A amizade tão longamente cultivada desapareceu sem explicações? Você pode passar muito tempo se perguntando por que isso aconteceu. Pode dizer para si mesmo que não dará mais um passo enquanto não entender as razões que levaram certas coisas, que eram tão importantes e sólidas em sua vida, serem subitamente transformadas em pó. Mas tal atitude será um desgaste imenso para todos: seus pais, seus amigos, seus filhos, seus irmãos, todos estarão encerrando capítulos, virando a folha, seguindo adiante, e todos sofrerão ao ver que você está parado.
Ninguém pode estar ao mesmo tempo no presente e no passado, nem mesmo quando tentamos entender as coisas que acontecem conosco. O que passou não voltará: não podemos ser eternamente meninos, adolescentes tardios, filhos que se sentem culpados ou rancorosos com os pais, amantes que revivem noite e dia uma ligação com quem já foi embora e não tem a menor intenção de voltar. As coisas passam, e o melhor que fazemos é deixar que elas realmente possam ir embora. Por isso é tão importante (por mais doloroso que seja!) destruir recordações, mudar de casa, dar muitas coisas para orfanatos, vender ou doar os livros que tem. Tudo neste mundo visível é uma manifestação do mundo invisível, do que está acontecendo em nosso coração e o desfazer-se de certas lembranças significa também abrir espaço para que outras tomem o seu lugar.
Deixar ir embora. Soltar. Desprender-se.
Ninguém está jogando nesta vida com cartas marcadas, portanto às vezes ganhamos, e às vezes perdemos.
Não espere que devolvam algo, não espere que reconheçam seu esforço, que descubram seu gênio, que entendam seu amor. Pare de ligar sua televisão emocional e assistir sempre ao mesmo programa, que mostra como você sofreu com determinada perda: isso o estará apenas envenenando, e nada mais.
Não há nada mais perigoso que rompimentos amorosos que não são aceitos, promessas de emprego que não têm data marcada para começar, decisões que sempre são adiadas em nome do "momento ideal".
Antes de começar um capítulo novo, é preciso terminar o antigo: diga a si mesmo que o que passou, jamais voltará!
Lembre-se de que houve uma época em que podia viver sem aquilo, sem aquela pessoa - nada é insubstituível, um hábito não é uma necessidade.
Pode parecer óbvio, pode mesmo ser difícil, mas é muito importante.
Encerrando ciclos. Não por causa do orgulho, por incapacidade, ou por soberba, mas porque simplesmente aquilo já não se encaixa mais na sua vida.
Feche a porta, mude o disco, limpe a casa, sacuda a poeira. Deixe de ser quem era, e se transforme em quem é. Torna-te uma pessoa melhor e assegura-te de que sabes bem quem és tu próprio, antes de conheceres alguém e de esperares que ele veja quem tu és. E lembra-te: Tudo o que chega, chega sempre por alguma razão."