Eu te olho pelos cantos, investigando os seus detalhes como se você fosse uma nova descoberta. Eu sei que eu não posso te encarar de perto, a ponto de sentir seus pêlos se arrepiarem, mas eu te olho de longe como se a vida girasse em câmera lenta, e eu conseguisse ver os seus mínimos detalhes. E você nem vê que está sendo olhado.
Você nem sente o campo abstrato que te envolve como se fosse música, cercando-te por todos os lados, num gesto completamente invisível. É como se eu me impregnasse pela tua essência, sufocando de tanta ânsia de saber sobre você. E você nem tem consciência de que está sendo olhado.
Eu te olhos através dos outros nesse intuito afoito de tentar imergir no seu campo abstrato e sentir cada pedaço do seu mundo para poder te contemplar profundamente. Pisando de brincadeira pelos teus passos no intento de perceber os detalhes das coisas como você as vê, e assim conhecer mais sobre você. E você nem percebe que está sendo olhado.
Eu te vejo até de olhos fechados, como se você possuísse um poder osmótico e gravitacional ao mesmo tempo, mas como todo corpo no espaço, eu tendo a ficar em sua órbita sem poder chegar até você, mas meus olhos clandestinos cingem as suas extensões...
E você nunca vai saber que está sendo olhado.
E você nunca vai saber que está sendo olhado.