Palavra, tom e gesto
Perco e quero desafinar o som
E cancelar o pulso do desassossego
Se esse é o preço, ei de divagar
No mar dessas incertezas
E me deixar levar pelo acaso do ser
Que impedido de ver, esquece que supõe que
O estar só é mais que um dó na escala de Caetano
E que sem planos há de perder a vontade de ter,
E já não sei mais o porquê, mas às vezes viver
Parece que dói tanto
Cadê o lugar que trouxestes pra me acalmar?
Se estou tão melhor ao perder,
Então me diz: por que não sinto vibrar meu coração?
Me dê sua mão, e me faz entender que o melhor de viver
É poder esquecer de antemão
Verbo, toque e zumbido
Descubro o vão dessas certezas
E contraio o nó dado na leveza de ser
Que é tão incompleto de ver que devo inspirar
O ar sem delicadeza
E me deixar inflar de erros por esquecer
Que no verbo incauto do dizer,
Não há lá se não houver notas pra tocar
Os ensaios vazios de coerência e de som
E mesmo se eu soubesse o porquê,
às vezes viver causa uma dor e tanto
Esqueça que reinventamos o lugar,
Se o que dizes o faz apenas por dizer ,
Então por quê demonstras o contrário em vão?
Recolha a sua mão, e deixe-me ver que a vida é
história vivida para libertar o nosso coração