quarta-feira, novembro 15, 2017

Sobre as águas que correm para o noroeste

Às vezes gostaria de pensar na beleza da vida
Como um remanso de água limpa e imperturbável
Mas a incerteza do mundo é um rio turvo
Onde não se vê mais que um palmo à sua frente

A água comportada que respeita as vontades humanas
Vira enchente sem a menor cerimônia
Correnteza forte demais para represar com a razão
Tanto bate que fura areia mole e pedra dura

Das muitas cheias que passam
As mais excepcionais são tão difíceis de prever
Que mesmo a casa edificada na área mais alta
Não fica isenta de experimentar da força do rio

E depois que tudo passa tão rápido
E o rio segue seu curso natural
O seu destino manifesto até o mar
Ficam as marcas nas árvores e barrancos
E fica a preocupação: em que nível a água vai bater
Quando alagar meu coração da próxima vez?

(A.B)

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