quarta-feira, novembro 03, 2010

Derrelição

Nem que seja mínimo o espaço
A dor ausente me é áspera na partida tangível ao desamparo
É o toque feito sentido de tato. Relapso agrado da distância
São essas letras. Essas miúdas que se espremem da sua boca
Essa palavra esmiuçada nos dedos
O cantar em uníssono do segredo
Densidade ríspida nos pêlos

Faço-te cálido
Corpo robusto atravancado
Rígido no meu espasmo
Faço-te cheio

Forjas a cicatriz do peito ao abandono
E o riso a despedaçar-te na triste ignorância do sentido
Aquele sentido feito de tato, te lembras?
Aquele que por desagrado, perdestes
É que esqueceram que tem um tal de acaso
Na rua, descalço, calado
esperando, sentado

Quem sabe se 
Casualmente
Talvez
Eu

quarta-feira, junho 09, 2010

Caixinha de palavras

Nós poderíamos guardar o que as pessoas falam numa caixa. Ficaria fácil revirar todas as frases e entender o que querem realmente dizer. Se bem que é tudo questão de entrelinhas. Ninguém é tão claro a ponto de falar o que realmente quer. Queremos sempre ter tudo com textos subjetivos. E nunca está nos planos magoar os outros. É difícil saber lidar com o que falam. Apesar de ser um amontoado de palavras, você tem que processar tudo de uma maneira bem literal, mas então a interpretação tem que ser subjetiva. E todo esse subjetivismo não tem nada a ver com você. Tem a ver com o subjetivo da outra pessoa. Ou seja, não é o que você tem que entender pelo simples jeito de como as coisas são, é o que a pessoa quer te falar (de maneira maquiada) pra você entender da maneira dela, excluindo o fato de que você pode interpretar tudo da sua forma. Excluindo o teu subjetivismo. Não sei que nome se dá pra isso. Mas é chato não conseguir entender o que a outra pessoa realmente quer com você. 
A indecisão só existe para as coisas que você não tem certeza de que são boas. Aquilo que é ruim, e que você tem certeza de que é,  você simplesmente diz não. Um não bem literal. A indecisão é amiga íntima da subjetividade. Como você pode saber de algo que só é relativo ao sujeito, de algo que só está dentro dele? A gente não tem tradutor pra isso. E todo mundo é assim, até mesmo eu. 
E mesmo que o mundo fique completamente literal, a esperança de que as coisas possam mudar embaralha tudo dentro de você. É chato e complicado. Como será que a gente muda isso? 
Sem dicas, sem esperanças, nem planos, eu espero que possamos entender a maioria das coisas da maneira correta.

segunda-feira, maio 31, 2010

Patético

É isso que a paixão faz com a gente. Ela nos deixa tristes iguais a zumbis andando pelo supermercado numa segunda-feira a tarde. De repente tudo fica pesado, o céu fica nublado trazendo consigo uma brisa fresca e a lembrança de que você ainda está sozinho. É como ter o seu coração rejeitado na hora do almoço por alguém que está diante de você dizendo que prefere ficar com a saudade ao invés de ficar com o seu coração. Você volta pra casa com alguma coisa batendo no peito sem nem ao menos saber direito o que é. 
Ela nos deixa num estado incapaz de tomar decisões benéficas para nós mesmos. Ficamos a disposição de uma mensagem ou uma ligação. E quando enfim a mensagem chega, e seu coração aos pulos imagina ser notícias dele, é a sua operadora informando-te de alguma promoção. Frustrado, você presta mais atenção do que deveria nas letras das músicas tristes que não param de repetir no som da sua casa.
Ela te deixa parado nas portas, encostado nas paredes, de bruços nas mesas, andando pra cima e pra baixo nos corredores. Deixa-te fazer convite ao vento. Te faz escutar alguns nãos. Colocar músicas com letras garrafais nos sites de relacionamentos pra tentar mostrar algo que provavelmente ele nem irá entender. 
Ela te faz cancelar ligações, apagar mensagens. Faz você acreditar que está sendo piegas ao tentar dizer pra ele que se ele te pedisse pra ficar, você ficaria. Ela julga errôneamente os sentimentos alheios, e te faz acreditar em coisas que não são reais. Faz com que você interprete todos os sinais de forma errada. 
Resumindo: Faz com que você pareça patético.  


sábado, maio 29, 2010

Regra de três

"Pode-se ver a mesma pessoa num curto intervalo de tempo, nunca mais que três vezes. Ou anos e anos deixando passar um período de três semanas a cada encontro." Regra de três do personagen Tomas (do livro "A insustentável leveza do ser" - Milan Kundera)  para não se apaixonar. Talvez seja uma tática válida. Mas me disseram que se apaixonar é algo que independe da nossa vontade. Seria bom pensarmos (ou conseguirmos) que pudéssemos controlar as coisas que acontecem. É fato que você cria mecanismos como: "ah, ela saiu de um relacionamento de cinco anos", "ela está mais focada no crescimento profissional" e etc. Mas se apaixonar é realmente algo que independe da sua, da nossa vontade: "Ela se apaixonou, é só isso. Num minuto ela estava casada, no outro tinha uma pessoa na frente dela que ela não podia ignorar, não importa o quanto tentasse." Não podia ignorar nem que tentasse (leu bem isso?), nem pelo trabalho, nem pelo fato de estar casada, nem por nenhuma outra desculpa esfarrapada. Essas coisas acontecem sem querer.
Quando você se envolve com alguém que inventa desculpas, tire o proveito do que acontecer sem criar expectativas. Uma coisa é você ter alguém que está ali por você, outra coisa é ter alguém que só está ali pra fazer sexo com você. Não se contente ou se iluda de que está pelo menos recebendo carinho de alguém. Esteja certo das tuas intenções pra não cair em falso, pra não ficar chacoalhando o ticket da sua passagem enquanto as intenções da outra pessoa correm pra bem longe de você. As pessoas enviam sinais o tempo todo. Ficar sozinho é opcional hoje em dia. Amar alguém que realmente valha a pena, e ficar do lado dessa pessoa é que é difícil. Não pense que por estar sozinho você mereça qualquer mínima coisa que aparecer. Se for pra ter pouco, se for pra ser incompleto, se for pra ser unilateral, fique sozinho. Se for pra ficar com alguém cheio de desculpas, esteja ciente de que aquilo é só algo pra amenizar algumas vontades básicas e não fique por muito tempo também. Há um grande risco de você acabar confundindo tudo ou se acomodando. Mas o ideal mesmo seria ficar sozinho por completo e completo. A história da humaninade romantizou demais o relacionamento, o casamento, duas pessoas. Foi isso que ferrou inteiramente com os nossos corações. Aprender que não deve apaixonar-se pelas pessoas erradas é uma coisa que leva um certo tempo. Espero que o teu tempo já tenha acabado. E que o meu tempo esteja acabando. Tenha uma outra certeza também: Você vai ficar bem, sozinho ou não, você ficará.

quarta-feira, maio 26, 2010

Falling deeper and deeper in love

Existe uma distância entre duas pessoas que apenas sentem desejo uma pela outra. Se você olhar de longe, vai parecer um precipício. E apaixonar-se é ter coragem de pular nesse vazio. Se você opta por ficar apenas na beirada, o seu coração está seguro dentro do teu peito. Se você quiser pular, certifique-se de que há passagem para dois. Pular sozinho é suicídio. É ato impensado. E fazer o outro pular é crime hediondo, ainda mais quando você não tem a mesma intenção ou só vai atravessar o abismo com uma tirolesa. 
Às vezes você pula por achar que se der o primeiro passo, a pessoa pulará logo atrás de você. Enquanto você está caindo, olhando pra cima, talvez você veja os sinais de incompreensão que ficou na criatura que não pulou contigo. Você sabe porque pulou, mas ele não entendeu o porquê de você ter feito aquilo. E o abismo te engole. É uma queda e tanto pra quem está caindo sozinho. 
Mesmo que vocês tenham dito coisas próximas a eu amo, o pronome de segunda pessoa que vem depois do verbo, que nesse caso tem que vir acompanhado de um substantivo próprio, é importante pra definir as coisas. Mais ou menos assim: Eu amo VOCÊ, FULANA. Isso não deixa dúvidas. É definitivamente passagem pra dois. Você tem um ticket, ele tem o outro. Pronto. Boa sorte. Pule! Com os olhos abertos, mas pule. 
E antes de pensar em cair de amores por alguém, faça um convite. Se não der, pega toda a sua energia e vá estudar. Ou viajar. Ou ler. Ou dançar. Você que sabe. As coisas vão continuar acontecendo a sua volta, você estando triste ou não. Não é fácil, mas ninguém disse que é tão difícil também. Aproveite sua vida, e de preferência aprenda a fazer isso sozinho.
Tatue "Enjoy your life" e vá viajar. O resto acontece.

terça-feira, maio 25, 2010

Qual é o nome do filme?

Normalmente quando algo passa diante dos nossos olhos, não enxergamos tão de repente. Tem aspectos que vemos, e tudo funciona como se fosse uma imagem embaçada e distante. Uma imagem em camera lenta que depois irá se repetir infinitas vezes na nossa cabeça. E a beleza está na maneira como a imagem passa espaçada. Onde você pode prestar atenção apenas nos detalhes. 
A imagem parece uma fotografia que se move lentamente.  Você consegue ver a particularidade de cada dobrinha da boca. A singularidade do sorriso. O piscar lento dos olhos que ficam te olhando. Fitando-te. Consegue ter a sensação pausada do abraço. Sentir o gosto doce da saliva. O toque quente das mãos. 
São essas lembranças que parecem filmes lentos que ocupam toda a tela do nosso cérebro, e que impedem que outro filme rode na sua cabeça. 
Eu tenho um filme que já está ficando velho e manchado, e que ainda assim insiste em ficar rodando na minha cabeça.  Preciso de um filme novo. De preferência que não seja um drama, mesmo que seja dos bons. Se eu pudesse escolher, escolheria uma comédia romântica. Estou cansada de filmes tristes. Quero poder dar risada pra variar.

terça-feira, maio 18, 2010

Blá blá blá

A maioria das pessoas tem medo de falar aquilo que sentem por alguém. Ninguém quer dar o braço a torcer por aquilo que se sente escondido. Ás vezes todo mundo sabe, menos quem deveria saber. E até que você fale, nada será verdade para a pessoa por quem se sente seja lá o que for. Quando você fala algo é como se você pegasse aquilo que você sente, colocasse numa caixinha, embrulhasse e entregasse de presente pra alguém. O que você sente vai ter sido entregue, e não mais pertencerá a você. Estará nas mãos da outra pessoa. E até que ela decida o que fazer com aquilo: se vai usar ou colocar de enfeite na estante, o tempo vai passando pra você. E dependendo de como passar, o que foi feito com o que você sentia não importará mais. 
Acho que o mais interessante é não deixar que nada fique dentro de você. Mesmo que você faça cálculos, espere alguns meses, um ou dois anos. O importante é falar quando você achar que chegou a hora de tirar de você, e entregar pra quem aquilo realmente pertence. Nem sempre adianta muito, mas aliviar a pressão que as palavras te causam já é confortante. 
O tempo cura tudo, até o amor. Falar não vai ser nada demais daqui algumas semanas. É igual notícia de jornal: Vai ter alguém que irá guardar, mas quase todo mundo joga no lixo. E no final, vai acabar tudo fazendo parte do passado mesmo. Um dia você também vai esquecer que já deu o que você sentia de presente pra alguém. Então fale, repita se necessário. Mas não deixe nada guardado dentro de ti.

quinta-feira, maio 13, 2010

Ódio visceral [linkizinho - clica aqui]

Engraçado como é a nossa satisfação. Quase nunca estamos contentes. Gostamos de ter alguma dor ou qualquer preocupação que seja. Elas preenchem o nosso vazio. A dor que deixa a gente oco também tem suas razões. A raiva é um dos sentimentos que libera adrenalina. Ficar com raiva é viciante. O coração dispara, a coordenação motora se atrapalha toda. Uma descarga de adrenalina no corpo é relaxante por causa da calmaria que vem depois que ela passa. É quase como fazer sexo. É excitante.

Quando a gente tem o coração vazio é fácil sentir outras coisas intensamente. Você não tem um foco. Uma pessoa pra te sacudir e dizer: Vai com calma. É tudo na base da explosão. E quase sempre a gente perde a razão, e normalmente é por coisa boba. E depois quando tudo passa, você acaba rindo da situação. E fica pensando como pôde ter sido tão bobo. Chega até dar sono.
Raiva saudável não dura mais do que três dias. E o legal é que mesmo quando não se está com raiva, a explosão de anteriormente pode ser usada como desculpa. Então é aí que entra a indiferença. Tem coisas que te afetaram tanto que depois que elas perdem a razão de ser, elas se tornam indiferentes. 
A indiferença é um grande indicador de que aquilo que você sentia já não tem mais nenhuma importância. Você não querer saber o que acontece com o causador da sua raiva é um delicioso prazer latente. Algo que você não sente mais, e que não se dá conta de que não está mais sentindo. Aquilo simplesmente não existe pra você. É um estado de uma pessoa a quem tão pouco importa uma coisa como o contrário dela. E o fato de não saber que se sente por não mais se sentir, é íncrivel. É brilhante. Esse é o maior dos prazeres de quando a raiva passa.

terça-feira, maio 11, 2010

Despedida

Existem duas dores de amor:
A primeira é quando a relação termina e a gente, seguindo amando, tem que se acostumar com a ausência do outro, com a sensação de perda, de rejeição e com a falta de perspectiva, já que ainda estamos tão embrulhados na dor que não conseguimos ver luz no fim do túnel.
A segunda dor é quando começamos a vislumbrar a luz no fim do túnel. A mais dilacerante é a dor física da falta de beijos e abraços, a dor de virar desimportante para o ser amado. Mas, quando esta dor passa, começamos um outro ritual de despedida: a dor de abandonar o amor que sentíamos. A dor de esvaziar o coração, de remover a saudade, de ficar livre, sem sentimento especial por aquela pessoa. Dói também.
Na verdade, ficamos apegados ao amor tanto quanto à pessoa que o gerou. Muitas pessoas reclamam por não conseguir se desprender de alguém. É que, sem se darem conta, não querem se desprender. Aquele amor, mesmo não retribuído, tornou-se um souvenir, lembrança de uma época bonita que foi vivida. Passou a ser um bem de valor inestimável, é uma sensação à qual a gente se apega. Faz parte de nós.
Queremos, logicamente, voltar a ser alegres e disponíveis, mas para isso é preciso abrir mão de algo que nos foi caro por muito tempo, que de certa maneira entranhou-se na gente, e que só com muito esforço é possível alforriar.
É uma dor mais amena, quase imperceptível. Talvez, por isso, costuma durar mais do que a ‘dor-de-cotovelo’ propriamente dita. É uma dor que nos confunde. Parece ser aquela mesma dor primeira, mas já é outra. A pessoa que nos deixou já não nos interessa mais, mas interessa o amor que sentíamos por ela, aquele amor que nos justificava como seres humanos, que nos colocava dentro das estatísticas: “Eu amo, logo existo”.
Despedir-se de um amor é despedir-se de si mesmo. É o arremate de uma história que terminou, externamente, sem nossa concordância, mas que precisa também sair de dentro da gente. E só então a gente poderá amar, de novo.

(Marta Medeiros)

domingo, maio 09, 2010

Por isso está aqui, para esquecer alguém?

E dizem que é verdade que quando você se afasta, você esquece alguém. Não quando se está envolvido platônicamente. A escada que você constrói para ter esse alguém é tão alta que você fica até com medo de altura e desiste de subir. Nunca é bom subir num lugar alto sem devida proteção. Então você concorda que o bom mesmo é ficar no chão. Desiste de subir e fica sentado ao pé da escada esperando um dia dar as costas pra ela, ou espera subir pra cair e ficar estatelado e machucado no chão, ou correr o risco de subir e dar certo (a opção mais impossível). Viu, essa ala dos parênteses é para aqueles que foram até a metade de escada, cairam e ainda estão estatelados e machucados no chão. É, eu sou uma dessas pessoas. Sou da ala dos parênteses. Mas já subi duas vezes até o fim da escada. E acabei caindo lá de cima no final. Acho que as pessoas sempre caem. Por mais que fiquem passeando durante algum tempo no jardim do relacionamento e da união, acabam dando uma tropeçada certeira e caindo escada abaixo. E quando resolvem tentar de novo vêem que faltam alguns degraus, e não dá mais pra subir. Não há 'band aid' que cole isso.
O coração da gente fica aos tropeços. Esbarrando em números, placas, lugares. Tudo isso é parte da escada que você não pode subir. Algo que você construiu com tanto esforço e pensamento e que não pode ser seu. Às vezes eu chego a pensar que é o nosso pessismismo que faz com que as coisas não dêem certo. Porque quando você coloca algo na cabeça e mentaliza, o mundo dá as voltas necessárias para aquilo um dia ser seu. Ser pessimista nunca ajudou em nada. O que faz com que chegamos a conclusão de que não queremos subir na escada. Gostamos do fato de podermos tentar subir pra não aceitar a idéia de que está tudo fechado pra reforma e passarmos por aquilo como passamos por qualquer prédio em construção: Indiferentes.
Nós gostamos de sofrer por amor porque o mundo se apresenta mais leve e mais romântico. Esquecer alguém que não se tem é fácil. O difícil mesmo é ter que ficar repassando as coisas pra lembrar que você está apaixonado por alguém que não quer estar apaixonado por você. E com isso sofrer e se identificar com  alguma parte da população mundial que também sofre por amor não correspondido.

Imitando conselhos

O mundo vai te afetar de alguma maneira sempre. E leve em consideração a afirmação de que tudo um dia passa. Faz parte do tempo fazer com que esqueçamos as coisas. E pra alguns parece que ele age mais rápido. Mas tudo se supera, e se ajeita de alguma maneira. Os outros irão apontar o dedo. Vão falar que você é um fracassado, que tudo o que você faz está errado. Mas é a indiferença em relação ao que os outros dizem é que vai te levar pra frente. Conheço muita gente que com palavras mudaria a situação do mundo inteiro, mas que na prática só sabe ficar na internet e vendo tv. Pra quem só sabe assistir, é fácil ficar vendo e julgando a vida dos outros. E tudo o que te falam é quase sempre o que nunca fazem. E se não fazem por que deverá ser o melhor pra você então? Você também tem que saber prestar atenção nessas pessoas. Você não vai nem precisar se esforçar tanto pra saber quem realmente é que está ao teu lado. Um semblante e uma intuição dizem muitas verdades sobre alguém. E essência não se muda. Então aprenda a fixar bem esses teus olhos. 
As pessoas normalmente se aproveitam da bondade dos outros. Falta caráter na maioria delas. Esquive-se das que estão com você pelas coisas que você tem. 
Vão ter as que irão te abandonar porque não querem fazer de você uma escora. E é por essas poucas sinceras que existem que sofreremos mais. Porque o amor pelo próximo também é isso. E novamente o tempo vai te ajudar com isso. 
A tua família vai sempre te ajudar e te amar por mais errado que você esteja. E aquelas que possuem uma certa firmeza vão mostrar a verdade mais descaradamente do que as outras. O resultado no final será sempre o mesmo: Ver-te bem.
Não seja bobo. Seja você mesmo independente de qualquer coisa, e siga o seu coração. Aprenda a ler a bondade nos outros. E só fique do lado de quem vale a pena estar. Faça as coisas por alguém que você sente e sabe que faria a mesma coisa por você. Não fique do lado de pessoas que arrumam desculpas o tempo todo. Repito: Fique com quem vale a pena estar. E todo o resto ficará bem também.

sexta-feira, maio 07, 2010

O fim daquilo

A gente tem que se entender. O final de tudo é sempre o mesmo: O fim daquilo. Às vezes é bom saber que as coisas acabam, porque as que perduram quase sempre te deixam doido. Até mesmo o amor. Esse pode te deixar louco de felicidade. Ou não. A falta dele te deixa maluco de tanta solidão. Só não é legal o sentimento que dura em você quando o assunto é a morte. Quando alguém te deixa por horas, é aterrador. Quando alguém vai embora por anos, é angustiante. E quando alguém te deixa pra sempre é algo sem palavras. É o tempo que fica parado nas horas que passam depressa. Tudo o que você sente quando você perde alguém é o mundo girando em sentido contrário. Voltando no tempo. Você não vive mais o futuro, vive o passado. Tudo fica dando loops, girando e girando, voltando e voltando cada vez mais no tempo. Tudo fica ao contrário. E é quase como se você se enterrasse também. Eu fico pensando naquele coração que parou, que se recusa a bater. No coração que está debaixo da terra que eu já não vejo pulsar. Você sente vontade de tocar, de ver, de sentir, de ouvir a voz. E o único lugar onde você sabe que tem alguma coisa do que foi a pessoa que você tanto amou, e tanto ama sem nem sequer ao menos poder fazer o normal do cotidiano da vida das outras pessoas, é num pedacinho de terra de onde ela não mais sairá. Saber que ela está num caixão me sufoca. Eu tenho lembranças demais. Tenho 22 anos e três meses do que me lembrar. E eu queria poder ter tido mais mil anos ou muito mais do que isso.

"Eu aprendi a ter tudo o que eu sempre quis, só não aprendi a perder. E eu que tive um começo feliz, do resto não sei dizer."

quinta-feira, abril 08, 2010

Insensatez do coração partido

A gente esquece mesmo quando quer esquecer. As lembranças que ficam na gente são aquelas que fazemos questão de guardar. O bom mesmo é se cansar de sentir. Cansar de esperar, de ficar sempre do lado de fora esperando na chuva. Normalmente as pessoas que não se importam com a sua presença, não deveriam ser pessoas importantes pra você. E não dá pra gostar de ser um tanto faz, um step das horas vazias e solitárias da vida de alguém.
Quando você se importa com alguém, o cansaço pode vir somado com noites em claro e horas a fio levando sermão do seu chefe que o seu corpo inteiro se desperta.
O sentimento unilateral é diferente. Só uma pessoa está disposta. Só uma se doa. A que recebe o faz quando convém. Tudo é questão de conveniência pra quem simplesmente não se importa.
Tem pessoas que parecem maldições (não de coisa ruim, mas de algo difícil de se tirar) na vida de outras pessoas. Como se todo o sofrimento durante anos fosse recompensado ao ficar junto por apenas algumas horas. E sofre-se então mais anos depois. Isso não é amor. Soa mais como egoísmo. Egoísmo porque você quer algo que não quer você, e isso te faz querer provar que você pode ter, sem nem ao menos essa coisa tentar ou pensar em algo com você. Isso parece mais com despeito. E quanto mais você tenta, mais você se afunda. Vira tudo incerteza, tudo pra outra hora, tudo pra depois. E você deixa coisas de agora em prol de alguém que irá te deixar pra depois. Não é insensato isso?
Faça o que o Fernando Pessoa disse que tem que ser feito:
"Sempre é preciso saber quando uma etapa chega ao final. Se insistirmos em permanecer nela mais do que o tempo necessário, perdemos a alegria e o sentido das outras etapas que precisamos viver.
Encerrando ciclos, fechando portas, terminando capítulos. Não importa o nome que damos, o que importa é deixar no passado os momentos da vida que já se acabaram.
Foi despedida do trabalho? Terminou uma relação? Deixou a casa dos pais? Partiu para viver em outro país? A amizade tão longamente cultivada desapareceu sem explicações? Você pode passar muito tempo se perguntando por que isso aconteceu. Pode dizer para si mesmo que não dará mais um passo enquanto não entender as razões que levaram certas coisas, que eram tão importantes e sólidas em sua vida, serem subitamente transformadas em pó. Mas tal atitude será um desgaste imenso para todos: seus pais, seus amigos, seus filhos, seus irmãos, todos estarão encerrando capítulos, virando a folha, seguindo adiante, e todos sofrerão ao ver que você está parado.
Ninguém pode estar ao mesmo tempo no presente e no passado, nem mesmo quando tentamos entender as coisas que acontecem conosco. O que passou não voltará: não podemos ser eternamente meninos, adolescentes tardios, filhos que se sentem culpados ou rancorosos com os pais, amantes que revivem noite e dia uma ligação com quem já foi embora e não tem a menor intenção de voltar. As coisas passam, e o melhor que fazemos é deixar que elas realmente possam ir embora. Por isso é tão importante (por mais doloroso que seja!) destruir recordações, mudar de casa, dar muitas coisas para orfanatos, vender ou doar os livros que tem. Tudo neste mundo visível é uma manifestação do mundo invisível, do que está acontecendo em nosso coração e o desfazer-se de certas lembranças significa também abrir espaço para que outras tomem o seu lugar.
Deixar ir embora. Soltar. Desprender-se.
Ninguém está jogando nesta vida com cartas marcadas, portanto às vezes ganhamos, e às vezes perdemos.
Não espere que devolvam algo, não espere que reconheçam seu esforço, que descubram seu gênio, que entendam seu amor. Pare de ligar sua televisão emocional e assistir sempre ao mesmo programa, que mostra como você sofreu com determinada perda: isso o estará apenas envenenando, e nada mais.
Não há nada mais perigoso que rompimentos amorosos que não são aceitos, promessas de emprego que não têm data marcada para começar, decisões que sempre são adiadas em nome do "momento ideal".
Antes de começar um capítulo novo, é preciso terminar o antigo: diga a si mesmo que o que passou, jamais voltará!
Lembre-se de que houve uma época em que podia viver sem aquilo, sem aquela pessoa - nada é insubstituível, um hábito não é uma necessidade.
Pode parecer óbvio, pode mesmo ser difícil, mas é muito importante.
Encerrando ciclos. Não por causa do orgulho, por incapacidade, ou por soberba, mas porque simplesmente aquilo já não se encaixa mais na sua vida.
Feche a porta, mude o disco, limpe a casa, sacuda a poeira. Deixe de ser quem era, e se transforme em quem é. Torna-te uma pessoa melhor e assegura-te de que sabes bem quem és tu próprio, antes de conheceres alguém e de esperares que ele veja quem tu és. E lembra-te: Tudo o que chega, chega sempre por alguma razão."

segunda-feira, março 29, 2010

What's on your mind?

O primeiro passo pra você esquecer algo, é não lembrar dele. Tem gente que constrói uma máquina de tortura em volta de si mesmo pra ficar relembrando cada detalhe de algo que não deu certo. Seria bem mais fácil se você apenas tentasse esquecer. Eu sei que se você quer esquecer uma coisa que está dentro de você terá que entender que tudo o que você sente sofre uma influência do que vem de fora. Abstraia-se. Foque a tua atenção em outra coisa. Entenda que tudo, mas tudo mesmo, só depende de você. A opção de sofrer é tua. 
Sofrer não é uma condição que te impuseram, é uma escolha exclusivamente tua. Você que terá que se levantar um dia, sacudir a poeira e dizer: Agora eu vou seguir em frente. 
Tem uma frase de Shakespeare que diz assim:  "Aprende que não importa em quantos pedaços o seu coração foi partido, o mundo não pára para que você o conserte". 
Sofrer é como se fosse uma vacina onde é injetado uma bactéria ou um vírus inativo em você, e as suas células que produzem anticorpos são acionadas para conbater esse agente agressor. E o seu organismo irá produzir uma memória imunológica contra esse virús ou bactéria. Gerando assim uma certa imunidade. Depois que você sofre muito uma vez, o teu corpo irá criar uma memória imunológica contra a dor 'que desatina sem doer'. Não se desespere. Tudo passa. E passa mesmo. Coisas, pessoas, lugares. Nada disso é certo na sua vida. Aí vai um discurso do Steve Jobs para uma turma da Universidade de Stanford, EUA, sobre encontrar o que você ama, depois de ter passado por muitas coisas "ruins": 
Sinto-me honrado de estar com vocês hoje na sua formatura de uma das melhores universidades do mundo. Eu nunca me formei. Verdade seja dita, isso é o mais próximo que eu cheguei de uma formatura de faculdade. Hoje eu quero contar pra vocês três histórias da minha vida. É isso. Nada de mais. Apenas três histórias. 

A primeira história é sobre ligar os pontos.

Eu abandonei a Universidade Reed depois de 6 meses, mas fiquei por perto por cerca de outros 18 meses antes de eu realmente ir embora. Por que eu saí?
Tudo começou antes de eu nascer. Minha mãe biológica era uma universitária jovem e solteira, e ela decidiu me doar. Ela queria muito que eu fosse adotado por pessoas formadas, então tudo foi arranjado para que eu fosse adotado assim que eu nascesse por um advogado e sua esposa. Só que na hora que eu apareci eles decidiram no último minuto que eles queriam mesmo era uma menina. Então meus pais, que eram os próximos da lista de espera, receberam um telefonema no meio da noite perguntando: “Nós temos um menino, vocês o querem?” Eles disseram: “Claro”. Minha mãe biológica descobriu mais tarde que minha mãe nunca se formou e que meu pai sequer completou o Ensino Médio. Ela se recusou a assinar os papéis da adoção. Ela só cedeu alguns meses mais tarde quando meus pais prometeram que um dia eu iria para a universidade.
E 17 anos depois, eu fui. Mas ingenuamente eu escolhi uma universidade que era tão cara quanto Stanford, e todas as economias dos meus pais de classe média estavam sendo gastas na minha formação. Depois de seis meses, eu não conseguia ver valor naquilo. Eu não tinha a mínima idéia do que eu queria fazer da minha vida e menos ainda de como a faculdade iria me ajudar a descobrir. E aqui estava eu gastando todo o dinheiro que meus pais economizaram a vida toda. Então eu decidi sair e confiar que tudo daria certo. Na época foi bem assustador, mas olhando agora eu vejo que foi uma das melhores decisões que eu já fiz. No minuto que eu saí eu pude parar de ir às aulas que não me interessavam, e começar a freqüentar aquelas que pareciam interessantes.
Não foi tudo um mar de rosas. Eu não tinha dormitório, então eu dormia no chão do quarto dos meus amigos, eu devolvia garrafas de coca por cinco centavos para comprar comida, e eu caminhava mais de 11 quilômetros pela cidade todo domingo de noite para conseguir uma boa refeição por semana no templo Hare Krishna. Eu adorava. E muitas das coisas em que eu esbarrei por seguir minha curiosidade e intuição acabaram sendo valiosíssimas mais tarde. Deixe me dar um exemplo:
A Universidade Reed na época oferecia talvez o melhor curso de caligrafia no país. No campus, cada pôster, cada marca em cada desenho, era magnificamente feita à mão. Como eu havia abandonado e não precisava mais ir às aulas normais, eu decidi ir ao curso para aprender a fazer aquilo. Eu aprendi sobre fontes serif e san serif, sobre variar a quantidade de espaço entre diferentes combinações de letras, tudo sobre como criar uma ótima caligrafia. Era lindo, histórico e artisticamente sutil duma maneira que a ciência não pode capturar, e eu achei fascinante.
Nada disto tinha sequer uma esperança de ter qualquer aplicação prática na minha vida. Mas dez anos depois, quando nós estávamos desenhando o primeiro Macintosh, eu lembrei de tudo. E nós desenhamos tudo dentro do Mac. Foi o primeiro computador com bela tipografia. Se eu nunca tivesse assistido àquele curso na faculdade, o Mac jamais teria múltiplas fontes ou fontes proporcionalmente espaçadas. E como o Windows copiou tudo do Mac, provavelmente nenhum computador teria. Se eu nunca tivesse abandonado a faculdade, eu jamais teria entrado na aula de caligrafia, e computadores não teriam a maravilhosa tipografia que eles possuem. Claro que era impossível ligar os pontos adiante quando eu estava na universidade. Mas ficou muito claro olhando pra trás dez anos depois.
Com efeito, você não consegue ligar os pontos olhando pra frente; você só consegue ligá-los olhando pra trás. Então você tem que confiar que os pontos se ligarão algum dia no futuro. Você tem que confiar em algo – seu instinto, destino, vida, carma, o que for. Esta abordagem nunca me desapontou, e fez toda diferença na minha vida.

Minha segunda história é sobre amor e perda.

Eu tive sorte – eu descobri o que gostava de fazer logo cedo na vida. Steve Wozniak e eu fundamos a Apple na garagem dos meus pais quando eu tinha vinte anos. Nós trabalhamos duro, e em dez anos a Apple cresceu de apenas nós dois numa garagem para uma companhia de 2 bilhões de dólares com mais de 4000 funcionários. Nós havíamos lançado nossa melhor criação – o Macintosh – um ano antes, e eu recém havia feito 30 anos. E então eu fui demitido. Como você pode ser demitido da companhia que você fundou? Bem, como a Apple cresceu nós contratamos alguém que eu pensei ser muito talentoso para administrar a empresa comigo, e durante o primeiro ano as coisas funcionaram. Mas então nossas visões do futuro começaram a divergir e eventualmente nós nos desentendemos. Quando isso aconteceu, nosso Conselho Diretor ficou do lado dele. Então, aos 30 anos eu estava fora. E de forma bem pública. O que havia sido o foco da minha vida adulta inteira havia acabado, e foi devastador.
Eu realmente não sabia o que fazer por alguns meses. Eu senti que eu havia desapontado a geração anterior de empreendedores – que eu tinha deixado cair o bastão que havia sido passado pra mim. Eu me encontrei com David Packard e Bob Noyce e tentei pedir desculpas por ter estragado tudo. Eu era um fracasso amplamente divulgado, e até mesmo pensei em fugir da Vale do Silício. Mas algo lentamente começou a se mostrar pra mim – eu ainda adorava o que fazia. Os eventos na Apple não mudaram isso nem um pouquinho. Eu havia sido rejeitado, mas ainda estava apaixonado. Então eu decidi começar de novo.
Eu não vi isso na época, mas ser demitido da Apple foi a melhor coisa que podia ter me acontecido. O peso de ser bem-sucedido foi substituído pela leveza de ser um principiante novamente, menos seguro sobre tudo. Libertou-me para entrar em um dos períodos mais criativos da minha vida.
Durante os cinco anos seguintes, eu fundei uma companhia chamada NeXT, outra companhia chamada Pixar, e me apaixonei por uma incrível mulher que se tornaria minha esposa. A Pixar criou o primeiro filme de desenho animado totalmente feito em computador, Toy Story, e agora é o estúdio de animação mais bem-sucedido do mundo. Em uma memorável seqüência de eventos, a Apple comprou a NeXT, eu voltei pra Apple, e a tecnologia que nós desenvolvemos na NeXT está no coração do recente renascimento da Apple. E Laurene e eu temos uma família maravilhosa juntos.
Tenho certeza que nada disso teria acontecido se eu não tivesse sido demitido da Apple. Foi um remédio de péssimo gosto, mas eu acho que o paciente precisava. Às vezes a vida te acerta na cabeça com um tijolo. Não perca a fé. Estou convencido de que a única coisa que me manteve em pé foi gostar do que eu fazia. Você tem que encontrar o que você gosta. E isso é verdade tanto para o seu trabalho quanto para seus companheiros. Seu trabalho vai ocupar uma grande parte da sua vida, e a única maneira de estar verdadeiramente satisfeito é fazendo aquilo que você acredita ser um ótimo trabalho. E a única maneira de fazer um ótimo trabalho é fazendo o que você ama fazer. Se você ainda não encontrou, continue procurando. Não se contente. Assim como com as coisas do coração, você saberá quando encontrar. E, como qualquer ótimo relacionamento, fica melhor e melhor com o passar dos anos. Então continue procurando e você vai encontrar. Não se contente.

Minha terceira história é sobre morte.

Quando eu tinha 17 anos, eu li uma frase que era algo assim: “Se você vive cada dia como se fosse o último, algum dia você vai estar certo.” Ela causou uma impressão em mim, e desde então, pelos últimos 33 anos, eu tenho olhando no espelho toda manhã e perguntado a mim mesmo: “Se hoje fosse o último dia da minha vida, eu faria o que eu vou fazer hoje?” E sempre que a resposta tem sido “Não” por muitos dias seguidos, eu sei que eu preciso mudar alguma coisa.
Lembrar-me de que logo eu vou estar morto é a ferramenta mais importante que eu encontrei pra me ajudar a fazer grandes escolhas na vida. Porque quase tudo – todas as expectativas exteriores, todo o orgulho, todo o medo de passar vergonha ou falhar – todas essas coisas simplesmente ficam pequenas diante da morte, deixando apenas o que é realmente importante. Lembrando-se de que você vai morrer é a melhor maneira que eu conheço pra evitar a armadilha de pensar que você tem algo a perder. Você já está nu. Não há motivo para não seguir seu coração.
Cerca de um ano atrás eu fui diagnosticado com câncer. Eu tive um exame às 7h30min da manhã, e ele claramente mostrou um tumor no meu pâncreas. Eu nem sabia o que era um pâncreas. Os médicos disseram-me que era quase que certamente um tipo incurável de câncer, e que eu não viveria mais que 3 ou 6 meses. Meu medico me aconselhou a ir pra casa e colocar meus assuntos em ordem, o que é o código médico para prepare-se para morrer. Isso significa tentar dizer pros seus filhos tudo o que você planejava dizer nos próximos dez anos em apenas alguns meses. Significa ter certeza que tudo está ajustado de maneira que seja o mais fácil possível para sua família. Significa dizer adeus.
Eu vivi com aquele diagnóstico durante o resto do dia. Mais tarde naquele mesmo dia eu fiz uma biópsia, onde eles enfiaram um endoscópio na minha goela, através do meu estomago e meus intestinos, colocaram uma agulha no meu pâncreas e tiraram algumas células do tumor. Eu estava sedado, mas minha esposa, que estava lá, contou-me que quando os médicos viram as células debaixo de um microscópio, eles começaram a chorar, porque no fim das contas era um tipo muito raro de câncer pancreático que é curável através de cirurgia. Eu fiz a cirurgia e estou bem agora.
Isso foi a mais próximo que eu estive de encarar a morte, e espero que seja o mais próximo que eu chegue por mais algumas décadas. Tendo passado por isso, eu agora posso dizer isso pra vocês com um pouco mais de certeza do que quando a morte era apenas um conceito útil, mas puramente conceitual:
Ninguém quer morrer. Mesmo pessoas que querem ir pro céu não querem morrer pra chegar lá. E mesmo assim a morte é o destino que todos nós compartilhamos. Ninguém jamais escapou. E é assim que tem que ser, porque a morte é provavelmente a melhor invenção da vida. É o agente causador de mudanças da vida. Ela elimina o velho para criar espaço pro novo. Agora o novo são vocês, mas não muito longe de agora, vocês gradualmente se tornarão o velho e serão eliminados. Sinto muito ser tão dramático, mas é a verdade.
Seu tempo é limitado, então não percam tempo vivendo a vida de outro. Não sejam aprisionados pelo dogma – que é viver com os resultados do pensamento de outras pessoas. Não deixe o barulho da opinião dos outros abafar sua voz interior. E mais importante, tenha a coragem de seguir seu coração e sua intuição. Eles de alguma forma já sabem o que você realmente quer se tornar. Tudo o mais é secundário.
Quando eu era novo, havia uma publicação incrível chamada The Whole Earth Catalog (O Catálogo Inteiro da Terra), que era uma das bíblias da minha geração. Ela foi criada por um sujeito chamado Stewart Brand não muito longe daqui em Menlo Park, e ele a trouxe à vida com seu toque poético. Era o final dos anos 60, antes dos computadores pessoais e seus editores de texto e impressoras, então ela era toda feita com máquinas de escrever, tesouras e câmeras Polaroid. Era como um Google formato de papel de jornal, 35 anos antes do Google aparecer: era idealístico, e cheio de ferramentas legais e grandes conceitos.
Stewart e seu time publicaram varias edições do The Whole Earth Catalog, e quando chegou a hora, eles fizeram a edição final. Foi no meio dos anos setenta, e eu tinha a idade de vocês. Na contracapa da edição final havia uma fotografia de uma estrada de interior de manhã cedo, do tipo que você encontra trilhando se for aventureiro o suficiente. Nela estavam as palavras: “Permaneça faminto. Permaneça tolo.” Era a mensagem de adeus deles. Permaneça faminto. Permaneça tolo. E eu sempre desejei isso pra mim. E agora, que vocês se formaram, eu desejo isso pra vocês.
Permaneçam famintos. Permaneçam tolos.
Muito obrigado."

Tire algum proveito disso.



sábado, março 27, 2010

E agora, o amor?

Amar alguém não significa travar uma guerra para trazê-la pro teu mundo. É já encontrá-la nele. Quando você conhece alguém não pensa: "Hmmm, esse defeito eu posso mudar." E por que querer mudar tudo o que a pessoa é só porque agora você tem um relacionamento sério com ela? Você a conheceu e se apaixonou exatamente pelo que ela é, por que querer mudá-la? Por que querer transformá-la na pessoa que você quer que ela seja? Na primeira vez que você a viu não pensou que ela poderia ser a pessoa perfeita pra sua vida do jeito que ela é? O que te incomoda tanto agora? É a mesma pessoa que está ao seu lado. Ela fazia as mesmas coisas quando te conheceu. Quando estava apenas ficando com você. Por que você não observou que isso poderia te tornar uma pessoa infeliz com um relacionamento infeliz?
As mudanças causam sempre algum impacto, por menores que sejam. Você tem que prestar atenção nas coisas que podem mudar. E principalmente nas coisas que podem te fazer mudar. Gostar de alguém não significa passar por cima de você, e esquecer todo o resto. Gostar é também saber dizer não. E saber escutar um não bem colocado e bem dito. Você não é o centro de alguma galáxia para as pessoas ficarem girando ao seu redor. A única órbita que você tem que fazer é em torno de Deus e de você mesmo. E deixe que o universo se encarregue do resto.

sábado, março 20, 2010

Limerence

Se você reparar bem em duas pessoas que estão juntas, você consegue ver que o mundo de alguma delas se sobressai. Alguém tem que ser sempre flexível porque o outro na certa cometerá as maiores burradas. E é isso que vai intensificar o amor. A pessoa recessiva precisa da luz, do brilho e da vivacidade da pessoa dominante. É um tipo de interação que quem tem que se recatar sai perdendo porque tem que modificar o habitat normal da sua vida. Como se fosse um parasitismo onde a recessiva afeta adversamente a dominante através de um ataque direto na outra pessoa.
Quando você tem esse tipo de relação quase sempre a sufocará  porque o impacto sobre ela é muito grande. E se você tiver uma sensibilidade aguçada irá perceber que certas coisas são características das gerações passadas. Gene não se muda. Ou você nasce feliz, ou você depende dos outros pra ser feliz. Quem é feliz consegue sorrir de si mesmo sabendo que a pessoa que ela mais ama nunca mais vai estar com ela pra compartilhar outra gargalhada. E não é isso que vai torná-la indiferente em relação ao amor sentido, nem o tornará pequeno ou algo que esqueça facilmente, é apenas coisa de gene. Com toda certeza a sua genitora também era assim. Sorrir é hereditário. Atitudes também são.
Não adianta você querer mudar uma pessoa só pra ela se encaixar na sua vida. Se você souber realmente o que é o amor, você aprende que os erros fazem parte dela. E que você não pode querer torná-la igual a você.
Satisfação é importante. Não adianta você ficar com alguém pra tapar um vazio ou uma carência em sua vida. Necessidade ás vezes é confundida com o amor. Você precisar de alguém por perto, e alguém com quem conversar não significa necessariamente amar, do amor eros. Você precisa de um amigo.
Eu li sobre "A Teoria Triangular do Amor de Sternberg" onde o amor é caracterizado por três elementos: intimidade, paixão e compromisso. Cada um destes elementos pode estar presente em um relacionamento, produzindo as seguintes combinações:
Conexão ou amizade (intimidade)
Infatuation ou limerence (paixão)
Empenho amoroso (empenho)
Amor romântico (intimidade + paixão)
Compromisso amoroso (intimidade + empenho)
Amor Fático (paixão + empenho)
Amor Comsumado (intimidade + paixão + empenho)
E li sobre estilos de amor:
Eros (amor) - um amor apaixonado fundamentado e baseado na aparência física
Psiquê - um amor "espiritual", baseado na mente e nos sentimentos eternos
Ludus - o amor que é jogado como um jogo; amor brincalhão
Storge - um amor afetuoso que se desenvolve lentamente, com base em similaridade
Pragma - pragmática amor, amor que visualiza apenas o momento e a necessidade temporária, do agora.
Mania - amor altamente emocional; instável; o estereótipo de amor romântico
Ágape - amor altruísta; espiritual.
Você pode analisar que o amor que a gente sente tem diversas maneiras de ser interpretado, e que nem sempre a pessoa que você está agora o vê da mesma maneira que você e/ou dá a mesma importância.
Você tem que lembrar de ser sincero consigo mesmo e seguir o teu coração. E ver se o que você sente não passa de uma confusão. Nós podemos estragar o ciclo do amor de algumas pessoas prendendo-as por muito tempo as amando da maneira errada. Meu conselho é que você se olhe para dentro hoje, e desembarace o que você sente. Depois, siga em frente.