Descobri que tem pessoas que se perdem quando se deparam com um sentimento que às vezes a gente brinca que só pode ser encontrado em filmes. Mas, como em todo filme que envolve comédia romântica e drama, tem sempre alguém que se ferra no final.
Todo mundo cultua o amor romântico, espera por ele ansiosamente, achando que pode encontrar na outra pessoa a resolução de todos os males do mundo, inclusive do próprio mundo. E esse é o fardo mais pesado que se pode carregar, pois não há como curar as dores de dentro construídas ao longo de tanto tempo.
O amor das propagandas foi a maior invenção da humanidade pra nos convencer de que não nascemos e não morremos sozinhos. Foi o maior mito que já que existiu para fazer com que nos relacionássemos de forma civilizada e regrada com os outros seres humanos. E quando o padrão muda? E quando a pessoa é exatamente aquilo, que no auge da sua abstração sobre relacionamentos, você imaginou, ela não serve, pois, pra sociedade, ela não se encaixa no padrão capitalista de amor propaganda que se difundiu lentamente, e que foi construído e absorvido pela maioria das pessoas inconscientemente, não serve. Não serve porque não é consumista, não serve porque gosta de mato, não serve porque prefere plantas e animais do que gente, não serve porque gosta de sexo, não serve porque se comunica claramente, não serve porque sente tudo muito intensamente. E o pior de tudo é que esse sistema faz com que essas pessoas acreditem que são desajustadas, que não servem pra viver nesse mundo porque não tem o carro do ultimo ano, não tem o emprego que paga zilhões de dinheiro, não tem a roupa que a modelo da passarela usa, não calca o sapato da moca da novela. Não serve porque gosta de ser educada com quem quer que seja, não serve porque se comunica com estranhos, não serve porque não se encaixa no padrão que hoje em dia se chama de "Soma": seu dinheiro somando com o meu, e foda-se se um dia a gente se amar.
Nós esquecemos dos seres humanos e do potencial que cada um pode ter. Esquecemos que uma pessoa pode manter a outra viva, que você pode impulsioná-la, que pode torná-la melhor. Esse imediatismo recorrente, de que tudo já tem que vir pronto, que nossa sociedade esta submersa, têm escondidos todos os detalhes, todas as características, todas as possibilidades, todas as pessoas boas que podiam dar o sentido e a definição do que o verdadeiro amor realmente é.
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